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Por Rupert Spira - A arte de perguntar uma pergunta

Isso que vou falar agora é algo que eu deveria ter falado desde o primeiro dia do retiro, e não no último.

E isso é sobre as conversações que nós temos, existe uma arte de responder as perguntas em Satsang, assim como existe uma arte de perguntas as perguntas no Satsang.

Quando eu perguntava uma perguntava ao Francis (meu antigo professor espiritual) eu passaria dias para conseguir construir a pergunta em minha mente, tendo certeza que eu achei a real pergunta em mim, e segundo, que eu tinha expressado claramente e concisamente para deixar a pergunta da maneira mais facil para Francis responder minha pergunta. Eu tinha muito cuidado mas também muito prazer, um prazer em saber que a minha pergunta formulada era uma expressão da essência do que eu era naquele momento.

Uma vez um amigo que estava participando conosco do retiro me perguntou; Porque o Francis sempre senta na ponta da cadeira atento quando ele está respondendo as suas perguntas mas está tão relaxado quando responde as minhas perguntas?''

Eu não sei se essa observação era verdadeira porém na medida em que fosse verdade Francis sabia que a minha pergunta era tão claramente focada e ia tão diretamente ao coração da situação que ele precisava focar a sua mente da mesma maneira.

E Francis sempre respondia da mesma maneira, com atenção e coração, nem sempre ele respondia o que eu queria mas o que eu precisava e me satisfazia profundamente na essência do meu ser.

Eu não tinha uma regra sobre o tipo de perguntas que eu perguntava, mas em retrospecto, se eu tivesse que formular uma regra que governava as perguntas que eu perguntava Francis seria simplesmente isso: se eu soubesse que eu teria uma semana para viver a vida, o que eu realmente iria querer saber. Minha pergunta tinha que viver essa critéria.

A última pergunta que eu fiz a Francis talvez tenha sido a pergunta mais difícil pois eu não conseguia encontrar uma formulação em mim, ainda havia algum impulso para ir a ele expressar algo não resolvido, mas era tão sutil esse problema que eu não conseguia enccontrar, eu não conseguia formular em minha mente, então após uma longa pausa, eu disse a ele: ''meu silêncio é a minha pergunta'', e ele respondeu ''meu silêncio é a minha resposta''.

As vezes as pessoas me perguntam, você não fica entediado ouvindo as mesmas perguntas inúmeras vezes?

Eu estou fazendo retiro a quase 10 anos agora e eu nunca ouvi a mesma pergunta duas vezes, se eu tivesse eu estaria entediado por elas.

Então se você pensa que já ouviu a mesma pergunta de novo, você não está ouvindo a pergunta realmente, mas está ouvindo o passado, a sua memória, a sua mente, ao seu ego, e se você pensa que já ouviu a mesma resposta duas vezes, ''eu já ouvi ele dizendo isso em outro encontro'' então você não está ouvindo a resposta, está ouvindo ao seu ego, ao passado, aquele que ouve ao passado é o ego ou a entidade separada, então você deveria ser grato pelo tédio que é provocado em você como resultado das repetições das perguntas e respostas, porque é a provocação do ego em você que é o presente para você nessa pergunta e resposta, e é ali que sua atenção deve ir, se você se encontra justificando sua irritação ou tédio na repetição das perguntas ou respotas, então você perdeu a oportunidade de investigar o eu irritado ou entediado, e se você perdeu a oportunidade dessa vez, ele irá reaparecer outra vez seja aqui ou em outro local.

Eu me lembro antigamente em Paris, tinha uma mulher idosa que costumava sentar sempre no primeiro acento na primeira fila, ela sempre vinha e perguntava no segundo ou terceiro dia, e a pergunta dela iria durar cerca de 20-25 minutos, e Francis ouvia sem nenhum pingo de tédio ou irritação, ele apenas escutava com atenção relaxada assim como escutava a todas as perguntas. E eu sentava no fundo da sala, observando tanto a mulher fazendo a pergunta como o Francis ouvia e respondia, e a agitação que provocava em algumas pessoas na sala, e tudo isso era uma linda lição não-verbal. Nos primeiros anos que eu passei com Francis e fiz todas minhas perguntas e não tinha mais perguntas, eram esses os momentos especiais que me ensinavam, os ensinamentos mais profundos e silenciosos, que eram demonstrados na vida real.

Tradução por Willy


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