top of page
Buscar

Por Adyashanti, O Fogo Da Verdade ( o que você realmente quer , irá sacrificar a verdade? )

O FOGO DA VERDADE

Ao ouvir profundamente, sentir intimamente e se permitir vivenciar este momento exatamente como ele é, os corpos emocional e energético se suavizam. Tire agora alguns minutos somente para ouvir e perceba o que está acontecendo ao seu redor. À medida que for reconhecendo os sons, vá também se conscientizando das fragrâncias e sentindo o espaço ao seu redor, dentro e fora de seu ambiente, de forma que a sensação de sentir não esteja confinada à pele e aos ossos. Dê a si mesmo uma oportunidade de se abrir ao ambiente sonoro e à sensação de espaço fora de seu corpo.

Note que quanto mais relaxar, mais esses sons e experiências penetram e fluem por você sem defesas. Você vai se sentir suavizando e se abrindo. Convide-se para essa abertura. É possível que você descubra que a sensação de uma barreira entre o mundo externo e o que está acontecendo sob sua pele se torna muito transparente, ou que você sinta como se não conseguisse encontrar o limite entre dentro e fora. Experiências de barulhos externos e o que está acontecendo em seu corpo passam a ter a mesma qualidade. Um sentimento em seu corpo não é realmente diferente do som de um carro passando ou de um pássaro nas árvores. Um

sentimento em seu corpo não é realmente mais seu do que o sentimento de espaço no ambiente onde você está sentado. Note que, a começar a tomar para si cada experiência, começará a dividir o mundo em interno e externo, meu e deles, um som externo e eu.

Mas tudo é essencialmente experiência, interna ou externa, é tudo a mesma coisa. Não é meu nem é diferente do meu.

A presença do silêncio abre o corpo e o encharca como uma esponja, se você permitir. Um entendimento silencioso acontece não em palavras, mas é a experiência direta do que é. Permita-se a grande dádiva de não buscar experiências alternativas. Sem pensar a respeito, sem o movimento de um único pensamento, o que é que vivencia isso? O que é que vivencia?

Reconheça que não existe nada que vivencia este momento, mas mesmo esse nada é conhecido e vivenciado. Existe algo misterioso que/sabe, algo misterioso que experiencia este momento, embora não se possa dizer o que é, porque ao dizer o que é, não é. E mais próximo, mais imediato. Ao pensar sobre isso, vê-se que não é aquele pensamento. É anterior ao pensamento. Nenhuma descrição é necessária, portanto descanse à margem, no precipicio, na experiência direta, sentindo diretamenta como se você não existisse e, no entanto, sabendo que existe.

Um pensamento sobre esse mistério separa céu e inferno. O pensamento rasga a unidade em pedaços para que seja analisada pela mente. Mas o silêncio unifica. A experiência deste momento é presente, embora inapreensível; conhecida, mas não definida.

Aquilo que está desperto não pode ser apreendido. É possível sacrificar aquela velha tentativa de definir e apreender, e, ao contrário, simplesmente soltar. Talvez você não seja você no final das contas. Talvez você seja isso que está desperto no exato momento da experiência. Encontre uma disposição de ser isso, e não de co nhecer. À medida que o corpo se abre, os sons ainda fluem pelo silêncio. O que em você se conhece como silêncio? Isso é indefinivel. Se perder seu caminho, ouça novamente os sons. Eles apontas raio novamente para o silêncio que, por sua vez, irá apontar para aquilo que conhece tanto o silêncio quanto o som. Não se perca em pensamentos ou irá desperdiçar sua vida. Simplesmente relaxe, relaxe e relaxe. É o ato mais simples de fé e confiança.

Esse despertar que está desperto dentro de você conhece a si mesmo. A mente não o conhece, o corpo não o conhece, e as moções não o conhecem. Esse estado desperto conhece a si mesmo somente como si mesmo. Essa verdade é simples, além de toda compreensão. É imediata, anterior a toda busca. Está sempre presente, revelando a si mesmo como cada faceta única desta experiência, bem agora.

Temos sempre duas escolhas. Uma é a familiar: sacrificar esse despertar misterioso por qualquer outra coisa. A segunda escolha é não sacrificar aquilo que está desperto e presente, onde quer que estejamos. E possível escolher não sacrificar isso pela promessa seguinte de um momento melhor, de um evento melhor ou de uma experiência melhor. Essa é sua escolha - ser verdadeiro para o que é verdadeiro ou não. E esse é o Fogo da Verdade. Aquilo que está desperto agora, como você, em você, revela a irrelevância absoluta de qualquer outro argumento, seja qual for. Aquilo que está desperto para si mesmo torna irrelevante tudo o que não é verdadeiro. Esse silêncio queima o apego a qualquer outra coisa e libera a vida que você é para vivê-la sem negociação. Sinta o convite visceral imediato daquilo que está desperto para renunciar a tudo mais. Esse convite lhe pede para que pare de barganhar com a vida, com o momento, consigo mesmo, com seu professor, seu amigo, seu colega. Simplesmente pare. Esse fogo é invisível e desconhecido e, no entanto, queima tudo a não ser ele próprio. Esse despertar, que está agora no centro de toda essa experiencia de

ser, é esse fogo!

Cada um escolhe ao que quer dedicar sua vida. Talvez essa escolha não tivesse sido descoberta antes, ou talvez essa escolha nunca tenha sido consciente. Mas agora é. O que é importante para você? A que você vai dedicar sua alma? Não me importo com a escolha que você faça, e Deus não se importa com sua es-colha. Mas você se importa, e você é a única pessoa que importa.

Aquilo que está desperto em você ouve os sons e nota os sinais que aparecem quando você abre os olhos. Não se perca em sinais, sons e sentimentos. Abra-se a eles plenamente, mas não se mova. Permaneça em silêncio e no estado desperto. Essa escolha momento a momento é o Fogo da Verdade. Ele não deixa dramas em seu despertar. Deixa algo indizível que é mais satisfatório do que alegria, paz ou empolgação. A qualquer momento, se você trair aquilo que é desperto, esteja consciente e desperto para aquilo que está traindo. Certifique-se de que a barganha é o que você quer que seja. Ou, por alguma graça, por um pouco sorte, você poderá compreender que nada em você quer mais trair isso que está desperto, nem mesmo por segurança ou pela boa opinião de terceiros. Compreender isso é uma graça verdadeira.

É muito simples. Em apenas um minuto você ganha uma vida livre de negociação e barganha. É isso que o Fogo da Verdade remove: sua negociação e sua barganha com o que é, o desejo de que alguém ou alguma coisa mude. Você compreende que nenhuma mudança, nem mesmo as mudanças em si mesmo, o farão mais feliz. Para receber essa dádiva plenamente, a compreensão deve ser estendida a todos e a tudo, em todos os lugares.

Aquilo que está desperto não quer que ninguém mude ou melhor re, em absoluto. Esse é o fogo. Essa é a cinza do fogo. Você percebe: "Há um minuto, eu queria que você mudasse, mas agora não quero. Está tudo bem com você. Está tudo bem com todo mundo, e tudo está bem". O que houve? Ninguém mudou e ninguém Se encaixou em seu padrão, porém existe uma felicidade aí que ficou mais bela porque eles não mudaram. Ficou mais bela por causa da diversidade de seres e de vida. Isso que está desperto mesmo para cada um de nós. E tudo o mais é uma bela, maravilhosa expressão da diversidade.

A partir do momento em que quero que você mude ou você quer que eu mude, uma adaga é enfiada no coração de nossa existência. Você sente isso de imediato, pessoal e intima-mente. É isso que o Fogo da Verdade retira de suas mãos. Mis-teriosamente, nessa liberação, a energia transformacional é libe-rada. Tudo é transformado - não só nós mesmos, mas todos ao nosso redor. O Fogo da Verdade o transforma até nas células de seu corpo. Não que você se importe ou planeje isso. Simplesmente acontece porque você não planejou. Assim que nos im-portamos, a energia transformacional é reenquadrada, e assim que a mente tenta colocar essa verdade na caixa, entendê-la com seus próprios conceitos é como jogar uma pesada pedra em um espelho. A experiência é despedaçada, e no mesmo instante você sente a tensão em sua mente e corpo. Essa transformação exige a humildade mais profunda, sem nenhuma sensação de ser humilde.

Por isso, meu convite é não olhar para além do olhar e não se afastar daquilo que nota. Não se aprimore além daquilo que já é inteiro. E retribua o favor. Essa é a salvação do mundo. Retribuir o favor e vê-lo aí. Onde quer que seja - à sua esquerda, à sua direita, atrás de você, de cabeça para baixo, sob seus pés. Veja a inteireza aí. Essa é a transformação de tudo. Se não vir inteireza em tudo ao seu redor, temos apenas a continuação da ignorância, a continuação da violência. Não sacrifique o que está desperto.

Não o descarte da existência. Não o barganhe para a periferia de sua vida.

56 visualizações0 comentário
bottom of page