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Por Adyashanti - Nossas preferências não tem parte na vida espiritual.

Nesse processo do despertar espiritual e encontrar nossa verdadeira autonomia, é muito fácil perder nosso equilíbrio. As vezes nós vamos nos prender a nossa autonomia antes de estar prontos para lidar com ela. Uma vez minha professora me mandou para outro professor para fazer meu primeiro retiro Zen porque eu disse que queria fazer um retiro tradicional. Então eu fiz a minha mochila e dirigi até o templo Zen, em Sonoma, California. Era no topo da montanha e eu estava ansioso de estar lá! Eu antecipei esse momento por alguns ano, e lá estava eu num templo Zen tradicional, e eu estava prestes a começar meu primeiro retiro Zen. Eu sabia que os retiros Zen eram muito rigorosos, e a agenda era meditar pelos menos 9 vezes por dia, todos os dias, até mesmo durante a noite até o último dia. Eu olhei para esse retiro com muita inspiração, pelas histórias que eu escutei sobre.

Eu nunca vou esquecer o meu primeiro encontro privado com o professor. Ele me perguntou como eu meditava. Eu disse a ele que apenas ficava em silêncio e ficava olhando para meu interior, me permitindo ser guiado, e isso era o que parecia certo para mim. Quando eu expliquei isso para meu professor, ele falou, ''Você não veio aqui para você o que você quer fazer. Você veio aqui para mim te ajudar. O que é que você quer?''. Eu me lembro do sentimento e me chocou. Ele estava literalmente me dizendo, ''o seu ego não tem participação aqui''. Eu fiquei chocado pois eu já tinha visto vídeos dele e ele parecia ser amoroso e caloroso.. E agora lá ele estava fazendo essas demandas para mim em nosso primeiro encontro. Então eu refleti e tive a realização, ''É verdade. Eu não vim até aqui para fazer as coisas da maneira que eu acho correto. Se fosse assim eu poderia ter ficado em casa e fazer da maneira que eu achava correto.'' Então eu disse, ''Eu vou lhe ouvir. Eu vou tentar fazer o que você sugere''. O professor me falou sobre uma técnica que parecia entediante, nada interessante. Era contar um a cada inalação que eu fizesse, até 10. Ele também tinha uma maneira específica que ele queria que eu sentasse, arrumasse os ombros e as costas, e fizesse uma posição com as mãos, chamado de mudra. Tudo pareceu muito técnico para mim, porém eu decidi ir lá para ver o que ele tinha para me ensinar.

Depois de 3 ou 4 dias eu tive outro encontro privado com ele, e ele me perguntou como estava as coisas. Ele me fez sentar, porque ele queria ver como estava minha postura. Então ele olhou para mim e fez algumas correções. Então nós conversamos um pouco e ele perguntou como que estava a experiência de contar a respiração. Eu disse, ''Bom, é entediante, e eu fico me perdendo na contagem, mesmo antes de chegar no 10.''

Ele disse, ''isso é natural. Não se preocupe com isso. Quando você se perder, apenas retorne ao um novamente ; não se preocupe com isso. Apenas deixe acontecer.

Eu fui para a casa depois que o retiro terminou, e eu decidi continuar a meditação que ele me ensinou. Depois de alguns meses eu mandei uma carata a ele. Eu disse, ''Eu fiz essa meditação que você me falou para fazer, e eu ficarei feliz em continuar caso você ache melhor, porém eu estou tendo essa intuição de que talvez eu deva parar de contar a respiração. Eu não sei se é a coisa correta de se fazer, porém minha intuição me diz que é melhor apenas ficar em silêncio''. No final da carta, eu escrevi, ''Mas se você acha que não é a coisa correta a se fazer, me fale,'' então eu enviei a carta.

Eu recebi uma carta depois de algumas semanas. O professor apenas comentou no final da minha carta, e ele disse, ''Parece bom para mim. Tudo ok. Faça desse jeito''.

Esse foi a minha compreensão de o que era estar em uma verdadeira relação com um professor espiritual. O que ele fez em nosso primeiro encontro foi mais importante do que a técnica do que ele passou. Tinha algo muito mais importante acontecendo. O que ele estava realmente me dizendo, no fundo, sem me dizer diretamente, era que o meu ego, minhas preferências, não tem parte para participar na vida espiritual, que ele não iria seguir os desejos do meu ego e meus quereres, que a nossa relação não seria baseado nisso. Ele desenhou uma linha na areia. Porém conforme eu fui largando do meu ego e comecei a escutar o que ele tinha a dizer, então eu comecei a receber uma intuição e guiança do meu professor interior. E foi nesse momento que ele começou a me 'devolver' a minha autonomia que ele tinha pego no primeiro encontro. Foi muito sábio. Um verdadeiro professor sempre irá tentar te devolver a sua autoridade assim que você está pronto para receber - e sem se tornar auto-centrado e egoico novamente.

Quando as pessoas vem me ver, eu sempre digo a elas que elas vão ter que achar a verdadeira autonomia e autoridade dentro delas. Eu serei feliz em guiá-las e ajudar a char, porque é fácil perder no meio do caminho. Porém é importante saber que na espiritualidade que você tem que largar todas as ideias de abandonar de toda autoridade, de abdicar a auto responsabilidade e dar para um professor espiritual - ou qualquer pessoa, independente de quem seja. O que é realmente importante é ter a capacidade de estar aberto e escutar, que nós temos a capacidade de estar disponíveis, escutar as coisas que não queremos escutar, e poder enxergar de novos pontos de vista.

Um verdadeiro ensinamento espiritual vai sempre desafiar a nós, desafiar nossos pontos de vista, a maneira como pensamos. Se apenas fortalecer nosso ponto de vista e crenças, então não é bom para nós, pois esta apenas fortalecendo nossas ilusões de separação e superiodade.

**** A nossa autonomia é descoberta em cada e todo momento. requer que a gente esteja aberto para a nossa existência, porque a verdadeira expressão da nossa natureza espiritual é o amor, e o amor não é o que nós achamos. O amor é sinônimo com esse acolhimento da vida. Amor é ver a si mesmo como tudo e todos, e isso não é visto através da mente. Você não conseguirá ver todos como um através do ego. Você pode apenas ver através da sua essência.

Veja alguém como Jesus. A sua vida era uma manifestação do amor- cheia de altos e baixos, milagres e momentos difíceis. Toda sua vida era uma manifestação de amor, e os seres humanos foram muito beneficiados pela sua história por dois mil anos. A vida de Jesus era um presente, assim como a sua. Isso não significa que você será um grande professor, o que você será conhecido. Não significa que você se tornará alguém grande ou lembrado na história da humanidade. Isso pode até acontecer. Ou pode não acontecer. Enquanto você se preocupar em ser lembrado ou ser significante, você ainda não se entregou totalmente. E se você descobrisse que o espírito quer se manifestar através de você como uma pessoa simples, ordinária, desconhecida, porém uma pessoa com grande amor, compaixão, e sabedoria? Talvez ninguém te reconheceria. Talvez ninguém iria reconhecer em você, mas isso seria o que você é. E se fosse assim que a vida gostaria de se manifestar através de você? Isso seria ok para você? Você iria permitir que isso acontecesse?

É apenas o nosso ego e nossa mente que vê toda a espiritualidade e autonomia com noções egoícas. É obvio que alguém como Jesus ou Buda não se preocupava como as pessoas viam elas. Eles não se preocupavam em ser lembrados. Eles não estavam buscando isso. Eles eram forças dinâmicas do amor e a iluminação espiritual na dimensão do tempo e espaço. Eles se entregaram e viveram a verdade em suas vidas, através da dedicação, expressão e incorporação do amor. Lembre-se, Jesus não foi amado por todos. Os seus ensinamentos o fizeram ser morto! Ele não andava por aí com todo mundo sobre seus pés. Longe disso! Então qualquer ideia que nos temos sobre o despertar espiritual


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