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O propósito de um professor espiritual (ou qualquer outra área da cura) por Rupert Spira


O propósito de um professor espiritual (ou qualquer outra área da cura), por Rupert Spira


Uma mulher fala que tem uma relação de dependência com um professor.


O propósito de um professor é liberar a nós da dependência dos objetos, ou pessoas para encontrar a paz e a felicidade. Uma pessoa se aproxima de um professor com a intenção de se libertar, e muitas vezes ele acaba se tornando apegado e dependente da tradição ou do professor. 

 Um professor que mais ou menos, sutilmente encoraja a nós através de suas próprias palavras ou atitudes, para se tornarem devotadas e dependentes dele, ou dela, está nos mandando uma mensagem dividida. Eu vejo isso em tantos lugares. Pessoas que são fantasticamente devotadas a seus professores. Pessoas que sua felicidade e paz dependem ainda mais do professor do que a maioria das pessoas que nem ao menos estão no caminho espiritual. E eu vejo professores que por mais que neguem isso verbalmente, através de suas atitudes encorajam esse tipo de culto, tudo em nome da liberação. Como você pensa que a devoção para uma pessoa pode te levar para a liberação da dependência dos objetos para felicidade? Não se engane, não pode. Um verdadeiro professor pegará sua devoção e gentilmente mas firmemente e eficientemente tornará para dentro, e direciona para sua fonte. Se o professor for um bom professor, essa etapa de projeções e de direcionar sua devoção para a fonte, a essência, não levará muito tempo. Ele ou ela, de forma habilidosa e amorosa, não é necessário ficar muito tempo nesse caminho da projeção e dependência. 

Por exemplo, quando ouvimos as histórias dessas culturas orientais, de relação de guru e discípulo, onde o guru era venerado, nós apenas escutamos as histórias de longe, se nós estivessemos lá participante, de forma intima, por exemplo, qualquer pessoa que era íntima de ramana maharshi, ele nunca encorajou as pessoas a  ser devotadas dele fisicamente. Quando ele estava morrendo ,as pessoas estava chorando ao redor deles, e ele falou, porque todos vocês estão chorando, eu não estou indo a nenhum lugar, eu não estou indo embora, vocês estão me confundindo com um corpo, ele não entendia porque mesmo após todos esses anos orientando e falando, os devotos ainda confundiram ele com um corpo mesmo após ele ter falado tantas vezes , que eu sou o seu ser, eu sou ser em cada um de vocês, vocês são o eu que sou eu sou, então ramana maharshi nunca pediu as pessoas para serem devotadas a ele fisicamente. Eu não quero sugerir que não havia amor e respeito pelo professor, mas tinha um amor mútuo. Eles estavam no mesmo nível. Eu sinto que até mesmo o termo estudante e professor não seja apropriado, é uma relação de amizade, amor e respeito mutuo.

A participante fala que talvez ela seja a culpada e sente-se culpada.


O rupert responde, agora você está defendendo o seu professor. Você não precisa defender ele, eu não estou atacando, eu não tenho ideia de quem ele ou ela seja e por favor não me conte (risadas). Pois assim será difícil continuar essa conversa pois não quero falar sobre ninguém em particular. Estou falando sobre um tipo especifico de relação e não uma pessoa específica. 

Eu compreendo o seu desejo de pegar responsabilidade por essa projeção, mas o professor está implicado. Quando nos nos aproximamos com um professor, nos aproximamos com muita confiança, abertura e vulnerabilidade, e um professor tem uma grande responsabilidade de não pegar vantagem dessa confiança e vulnerabilidade. É inevitável em quase todos os casos que nós projetamos nossa busca, vazio, em nosso professor. quase todos e tudo nos decepcionou até encontrarmos nosso professor, nossos pais, nossa familia, quase ninguém conseguiu nos proporcionar a alegria que buscamos, nossos maridos, nossos colegas, amigos, trabalhos, nós tentamos substâncias, gastamos uma fortuna em terapias e eventualmente, quando tudo isso falha, nada nos proporcionou essa alegria que esperamos, então o professor aparece, nossa última chance, e nos investimos todo nosso desejo por alegria e paz em nosso professor. Isso é inevitável. As pessoas tem grandes esperanças. Talvez esse professor ou esse ensinamento possa finalmente me dar tudo o que eu esperava e busquei em todos esses anos. Então o ensinamento ou  o professor é visto como o objeto último que finalmente nos dará aquilo que esperamos. Então o professor tem essa responsabilidade e se alguém poe a si mesmo na posição de ser um professor, eles tem que aceitar essa responsabilidade, não é o suficiente dizer, na realidade , é hipócrita dizer, isso não tem nada haver comigo, é apenas a forma que meus alunos se comportam, eles projetam sobre mim, mas eu não sou cúmplice, isso é hipocrisia. Vamos usar a analogia de uma empresa que teve algum problema, se as transações que aconteceram em uma empresa são fraudulentas ou desonestas, e tem uma investigação, o diretor não pode dizer legitimamente, isso nao tem nada haver comigo, eu não sabia sobre isso, é o papel do diretor saber sobre isso. Se tem bullying em uma escola, é papel do diretor  ou diretora ser responsável por isso, ele não pode dizer, eu não sou responsável é a forma que meus alunos se comportam. 

Se você irá se botar na posição de diretor, ou dono de uma escola, ou professor, por definição você tem essa responsabilidade, e se você não está disposto, então você não encaixa para o trabalho. E se o ônus tem que cair sobre alguém, não é no aluno, pois o aluno vem na maioria das vezes com inocência e abertura, confiança, e todos nós ouvimos histórias onde essa confiança foi abusada, emocionalmente e fisicamente, sexualmente, financeiramente. Pode acontecer de forma sutil ou radical, através de uma pequena dependência em um professor e que é permitida. 

A chama não é o professor, a chama é você mesmo, e o professor deveria deixar isso muito claro. Não é possivel em última análise, sem devoto a uma pessoa. A um objeto. Se você é devotado a uma pessoa ou objeto, você está se separando daquilo que você é devotado, então sua devoção a pessoa ou objeto, apenas perpetua a relação separada, então não há devoção nenhuma no final das contas.

O sofrimento é um sinal de que você está direcionando seu amor para um objeto, devoção assim como atenção, é a consciência direcionada a um objeto. Devoção é o amor em direção a uma pessoa. A função do professor é trazer essa atenção da devoção e levar de volta para a fonte, em amor. 

Eu estava falando uma vez com francis, nós estávamos falando sobre relações intimas, e ele falou para mim, na verdadeira intimidade não existe hierarquia, não estávamos falando sobre relações ordinárias, na verdadeira intimidade não pode haver hierarquia, e então ele olhou para mim, e eu nunca esqueci da forma que ele olhou para mim, e essa é verdadeira relação entre um professor e um aluno, a verdadeira amizade para desenvolver nao pode haver hierarquia. E minha relação com ele começou a mudar daquele dia em diante. Eu estava como você quando conheci francis, ele era deus encarnado para mim. Ele estava acima no pedestal e eu estava lá embaixo. E ele muito gentilmente me auxilia a não permitir qualquer coisa que suportasse essa projeção, ele podia ver em mim e ele era respeitável a minha devoção a ele, que era a mesma devoção pela verdade, então ele foi gentil sobre isso, mas também foi eficiente e não tomou muito tempo para essa relação de hierarquia se equilibrar e se tornar uma relação de amor e amizade, nao havia menos amor na minha parte, não menos respeito, mas havia compartilhamento mútuo, então não estou criticando o seu amor pelo seu professor, isso pode ser maravilhoso, eu encorajaria isso, e eu espero que seja recíproco, mas estou criticando a dependência no seu professor para felicidade e paz. O seu sofrimento nessa relação significa que você está trazendo sua felicidade e paz dependente dele. Você precisa deixar isso embora.  Não significa que o amor irá embora, mas deixar a projeção ir embora. E eu sugeriria que o trabalho do professor, um dos trabalhos do professor é facilitar isso, ele tornar a atenção da projeção gentilmente  e eficientemente para a fonte.’’


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