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Por Willy Mouna, A atividade mais iluminada que o ego pode realizar

A maior atividade que o ser separado pode fazer

Enquanto nós acreditamos ser um ego, uma entidade separada, então precisamos

viver isso e não ignorar, como muitos neo-advaitas fazem, fingindo que o ego não

existe enquanto seu ego está firme e forte na luta.

A atitude mais nobre e humilde que podemos fazer, é reconhecer que estamos

identificados com o ego e nesse instante, realizar a escolha mais iluminada que

podemos fazer, que é explorar quem realmente somos, quem eu sou, qual é a

fonte da mente, do ego, o que eu essencialmente sou, por trás de todos

conteúdos passageiros em minha mente e experiÊncia.

Existe esse paradoxo do livre-arbítrio na espiritualidade, aonde ao mesmo temo

que falamos que não existe livre arbítrio para um, falamos que existe para outro. A

questão é, o ego vive de escolhas, então, enquanto acreditarmos ser separados,

nós iremos estar imerso no mundo do livre arbítrio e das escolhas, e, já que

estamos ‘’preso’’ nisso, precisamos ter a coragem de realizar a escolha mais

essencial que podemos ter, e, como dito antes, isso é explorar quem eu realmente

sou. Essa é a atividade mais iluminada que o ego pode realizar. Quando nós já

tentamos de mundo no mundo dos objetos, relações, experiÊncias, quando nada

nos trouxe uma verdadeira sensação de significado e alegria, nós percebemos que

precisamos olhar para outro local, é neste momento que olhamos para dentro,

para a essência de toda experiência. O conhecedor de tudo.

Na maioria das vezes, o ego, ao invés de estar olhando para o que realmente

importa e é necessário, está distraído com o desnecessário, o ego, por ser

separado, se sente infeliz e vazio, e por isso passa o tempo todo tentando realizar

atividades que irão o libertar do sofrimento e tentando achar substitutos para para

preencher seu vazio.

Raramente um ser humano para na infância ou na adolescência de dar atenção

aos objetos para investigar a atenção no interior. Normalmente, isso apenas

acontece na fase adulta, quando o adulto já tentou de tudo o que é

comercializado no mundo, e nada funcionou, na realidade, é nesse momento que

muitas pessoas se suicidam, por achar que acabou as alternativas e que Nada

funciona, elas se matam para tentar se ‘’encontrar’’, quando na realidade, havia

uma última alternativa e a única alternativa definitiva, que era explorar sua

verdadeira natureza e reconhecer quem ele realmente é. Esse é o propósito de

todas as religioes, e é por isso que Elas nos acompanham nesse mundo há mais

de dois mil anos. O sofrimento sempre foi algo real, assim como a busca por

Deus, a essência.

Com o passar dos anos, o ser humano começou a realizar que a única atividade

que realmente iria curá-lo de seu vazio e seu sofrimento e que a atividade mais

iluminada que ele poderia realizar era retirar a atenção dos objetos externos em

que procura por satisfação e preenchimento e virar a atenção para si mesmo, para

enxergar esse eu que está infeliz, o ser separado e dividido que acreditamos ser,

não há nada mais importante que isso na vida de um ser humano. Costumo dizer

que uma vida sem uma alma para viver a vida não é uma vida.

E é nesse momento da vida do ser humano que ele começa rastrear, explorar sua

verdadeira natureza, e, maravilhosamente, ele descobre que na realidade não era

o ser separado(ego) que acreditou a vida toda ser. É por descuido, falta de

atenção que essa entidade sobrevivia.

Essa exploração do interior é uma dissolução de nossas aparentes limitações, isso

porque não existe de fato um ego, uma entidade separada e um outro ser

chamado ser verdadeiro, só existe um ser, e esse é a consciência pura(que, na

realidade, não é um ‘’ser’’).

Esse ser verdadeiro, a consciência pura, foi na realidade velada e eclipsada por

inúmeras limitações da mente e que faz com que ela seja temporariamente

esquecida.

Então, nesse processo e estágio, nós investigamos a nossa verdadeira natureza e

isso causa uma dissolução gradual das limitações. Conforme essas limitações vão

sendo percebidas e realizadas, o que era verdadeiro e que sempre foi verdadeiro

começa a ser revelado e reconhecido novamente. Por isso, o despertar da

consciência é mais um relembrar quem realmente somos do que conhecer ou criar

uma nova entidade ‘’superior’’. Só existe um eu superior, e ele jamais deixou de

existir. Mesmo quando estava aparentemente velado pelas limitações da mente.

AS limitações que a mente utiliza são basicamente a identificação com o corpo-

mente-mundo, a mente permanece identificada com um conjunto de pensamentos incessantes e repetitivos e emoções enraizadas e inconscientes. Eu

sou esses pensamentos, eu sou essas emoções, eu sou assim e assado.

Conforme nós exploramos mais a fundo os pensamentos, emoções, percepções e

sensações, nos realizamos que não, eu não sou essas ‘’nuvens’’ voando no céu,

eu sou na realidade o céu que percebe as nuvens. É um fato óbvio, mas por ser

tão simples é despercebido.

Nós somos essa consciência que está consciente dos pensamentos e emoções,

mas eles são vistos e vão embora, e quando eles se vão e desaparecem, eu não

desapareço, assim como as nuvens desaparecem do céu e o céu permanece,

então, nessa realização, eu realizo que eu não posso ser feito de pensamentos e

emoções passageiros.

E se vamos ainda mais a fundo, percebemos que até mesmo as sensações e

percepções do corpo e mente vem e vão incessantemente, mas quando eles

desaparecem, eu não desapareço.

O que sobra, quando tudo se vai, quando nada resta, o que resta?

O campo vazio da consciência pura, ilimitada, imperturbável, indestrutível.

Basta investigarmos a natureza do Eu, para perdermos todas as ilusões que são

sustentadas devido a ausência da investigação e automaticamente esses véus

são libertados.

Foi isso o que Ramana Maharshi quis dizer com a frase; Quando eu me despido

do eu, apenas Eu permanece. Em outras palavras, quando o eu, o ser separado, é

dissolvido de todas suas limitações, apenas o Eu verdadeiro permanece.

O eu do ego, o ser separado, e o eu verdadeiro são na realidade o mesmo Eu,

esse é um equívoco criado por muitos na espiritualidade, não existe de fato dois

eus, apenas a consciência pura e que se torna o ser separado temporariamente,

ou, pelo menos parece se tornar, nascendo como uma forma mental cheia de

limites e condicionamentos.

É a consciência que toma a forma da mente e é na forma da mente que ela parece

limitar a si mesma, mas quando a mente volta para dentro e rastreia sua

verdadeira natureza, ela não acha um ser separado, ela acha a pura consciência,

Ela então realiza; ‘’Eu sou essa consciÊncia, eu sempre fui, eu sou eternamente a

consciência, eu velei a mim mesma com minha própria criatividade.

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